No varal
Pendura-se tudo:
A calça, a blusa, a toalha molhada.
O tapete, o lençol, o cobertor.
Até a cueca que tanto se esconde na roupa.
Aceita tudo:
A blusa gasta da vó, a saia rendada da mãe,
O terno preto do pai, e calça curta do irmão.
Menos roupa suja que nunca vi por lá.
Se for colorido de verde, azul, amarelo mesmo sem dourado, mais rico fica o varal?
Sem preconceito, o varal está lá.
Obra de arte da dona de casa.
Tão obra, e tão arte, que se renova.
Enquanto o menino suja e a moça lava.
Sendo varal pra secar, quando chove e tudo molha, ele deixa de ser varal?
Vejo-o todos os dias quando vou ao quintal.
E lá está, tão diferente, tão igual, tão belo, tão morto, tão desigual.
Não sei; Talvez nem seja verdade, mas prefiro achar assim:
Que um varal só existe pra brilhar os olhos pra mim.
Luis Antonio Ribeiro
2 comentários:
Parece Vinícios de Morais!
que orgulho de vc!!
o0
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