segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

AO ALCANCE


O grande desafio que nos move é o desejo de tornar-se independente. Penso que este seja um desafio bastante positivo, uma vez que esta independência gera maturidade, descobrimento de si mesmo e da vida.
No entanto, quando algumas pessoas alcançam este desafio, acabam se perdendo e se tornam egocentristas e auto-suficientes. Isto é, o mundo passa a ser visto pelo seu ponto de vista, pela sua ótica. Alguns até ousam afirmar que “não dependem de ninguém pra viver”.
Ainda que alguns não reconheçam esta afirmativa, não é possível passar por esta vida sem precisar do outro.
Saímos do ventre da nossa mãe, embalados por mãos.
Sentimos o carinho dos amigos, dos irmãos, dos familiares, através de mãos.
Apontamos as flores para mostrar a beleza das pequenas coisas, através de mãos.
Num gostoso restaurante, experimentamos uma deliciosa comida preparada por mãos.
Nos sentimos seguros viajando num avião porque sabemos que no comando existem mãos preparadas.
Deixamos de estar perdidos quando mãos apontam o caminho certo a prosseguir.
Podemos experimentar música através de mãos que navegam por notas e instrumentos.
Podemos pegar o ônibus para o trabalho, confiando que as mãos do motorista nos levarão ao lugar necessário.
Presos experimentam a liberdade, através das mãos.
Podemos nos sentir felizes sendo reconhecidos, através de aplausos, através de mãos.
Podemos ser fotografados, através de mãos.
Podemos ler excelentes livros, através de mãos.
Somos examinados pelos médicos, através de mãos.
Mãos se juntam para interceder, para clamar por nós.
Juízes assinam leis e decretos, através de mãos.
Vendedores tiram pedidos, através de mãos.
Podemos experimentar do amor verdadeiro, através de mãos.
Mãos que geram, curam, constroem, ajudam, salvam, alegram e que amam.
Como podemos observar, mesmo sem querer, somos literalmente, levados a depender uns dos outros.


TONY RIBEIRO